terça-feira, 5 de agosto de 2014

Artigo de Hoje: O Tempo Não Pára


Opiniões de um jogador para jogadores



Fala galera, beleza? Hoje o assunto que irei expor não tem nada a ver diretamente com a canção de Cazuza ou Time Wizard, mas é algo que mexe muito com o pensamento das pessoas com relação a evolução que o Yu-Gi-Oh! tem apresentado em todos esses anos de vida. É algo que causa muita intriga por parte das pessoas que jogam e apreciam.

Eu resolvi escrever essa postagem porque já faz um tempo em que as pessoas conversam comigo a respeito do impacto que os arquétipos exercem no jogo, e a falta de criatividade que o universo competitivo impõe ao Card Game. Cada pessoa tem a sua visão e opinião sobre as coisas, e hoje eu vou expor a minha a respeito desses fatores. 

Antes de tudo, vamos voltar no tempo, em meados de 2000 a 2004, para falar um pouco de história. Nessa época, creio que muitos de nós, conhecíamos o Yu-Gi-Oh! por parte da série animada conhecida como Duel Monsters (a segunda adaptação do Yu-Gi-Oh! original), que chegou a ser transmitida na TV pelas emissoras Nickelodeon Brasil e Rede Globo. Nós assistimos Yugi e sua turma demonstrar um novo conceito de como se jogar cartas com um baralho. E isso era realmente interessante e "inovador". 

É claro que essa ideia toda não podia ficar apenas dentro do Anime. A empresa Bandai foi a primeira a aprimorar a introdução do Yu-Gi-Oh! ao Card Game por volta de 1998, um pouco antes do jogo ou qualquer coisa relacionada realmente bombar aqui no Ocidente. Basicamente as regras eram muito simples e não chegou a evoluir como esperado. Então os direitos do Card Game foram vendidos tempos depois para a Konami, que começou a levar o jogo de forma muito mais séria que a empresa anterior, mudando diversos aspectos, que vão desde regras até o design das cartas e campo.

Com a repercussão do Anime e Mangá, muitas das pessoas que assistiam ou liam, queriam poder jogar o tal "Monstros de Duelo" na vida real, para reproduzir parte daquilo que via na TV ou lia no Mangá. E assim foi descoberto a tal a comercialização das cartas. Yu-Gi-Oh! virou uma febre. Com certeza gerou muita pirataria, vendendo cartinhas em docerias, bancas de jornais, lojas de brinquedo e trocentos outros locais. 

Yu-Gi-Oh! chegou até a ser alvo de noticiários de televisão, na qual relacionava o jogo com crenças religiosas (uma bobagem enorme), mas enfim, muita gente queria poder "invocar" o Mago Negro, Dragão Branco de Olhos Azuis, Dragão Negro de Olhos Vermelhos, Exodia e muitos outros ícones do Anime, para assim se divertir com seus amigos na escola, em casa e etc.  

Com o crescimento desse comércio, mais e mais cartas eram produzidas para aumentar o repertório do público que jogava. As cartas reproduziam novidades próprias do Card Game e coisas relacionadas a animação de TV.

Com a demanda comercial, uma das ideais para simplificar a vida dos jogadores e ampliar a receita de lucro, foi a criação de diversos "arquétipos". Agora começamos a real discussão!

Arquétipo é:

Um conjunto de cartas que seguem as respectivas regras:
  • Todos os membros desse grupo de cartas devem conter um termo em comum (o nome do arquétipo) aparecendo em seus nomes, de acordo com a versão Japonesa (que é a versão original), ou então na linha de texto, deve haver um efeito que especifica que a determinada carta pertence ao tal arquétipo.
  • Além disso, deve haver um suporte ou anti-suporte, relativo ao arquétipo, ou seja, uma carta que faz referência a esse termo em seu nome, ou menciona usando uma frase, os monstros do arquétipo tal em seus efeitos. E nota-se que as cartas suporte devem apoiar o arquétipo, e não apenas um monstro do arquétipo.
  • Apesar de não ser uma regra geral, os membros do mesmo arquétipo, geralmente partilham um pequeno número de atributos ou tipos.



Os arquétipos são estratégias pré moldadas que simplificam a construção de um Deck. Isso permite que os jogadores possam aproveitar mais seu tempo jogando ao invés de buscando ideias para criar um Deck. Eles são produtos que visam estabelecer praticidade (rápido, ágil e fácil) ao jogo. 

Dentro do capitalismo, o tempo é uma questão muito importante. "Quanto mais rápido as pessoas consomem meus produtos, maior será a demanda e maior será meu lucro assim como também as pessoas irão se satisfazer da minha produção com maior rapidez". Os restaurantes "fast food" são grandes representações desse conceito, e é basicamente isso que os arquétipos significam também. 

A Konami, é uma empresa que visa o lucro, assim como qualquer outra empresa. O que ela vende é um produto, e quem faz o jogo são os consumidores. Porém, nenhuma empresa se mantem viva na estagnação, e sim na evolução/inovação. Para a rotação do comércio capitalista, "o novo deve ser melhor que o velho", não é verdade? É simplesmente a ideia de "substituição". Uma Televisão recém lançada deve ser "mais atraente" que uma televisão que entrou no mercado a dois anos atrás. Esse exemplo pode ser aplicado em diversos tipos de produtos, isso é uma coisa muito óbvia. 

No Yu-Gi-Oh! as circunstancias não são diferentes, a rotação também tem que existir, se não a empresa quebra e pronto, "já era o Yu-Gi-Oh!". Tendencialmente cartas novas "substituem" carta velhas na preferência de mercado, um arquétipo novo "entra no lugar" de um antigo, e assim segue o fluxo.

É praticamente estampado que parte dos arquétipos (não todos) que lançam são realmente "melhores" que os anteriores (possivelmente nerfados) apenas por olhar suas habilidades em jogo, e é claro que por esse motivo, muitas pessoas irão querer "trocar" seus antigos Decks por produtos mais recentes para não se considerarem "ultrapassadas". O que incentiva mais essa ideia, são os eventos competitivos que a própria empresa Konami dispõe para que os jogadores demonstrem a força de seus Decks em busca de premiações. Quem não gostaria de ser recompensado como o melhor jogador de cartinhas? Ganhar por brincar deve ser a melhor coisa.

A Banlist esta ligada a isso tudo, ela é uma forma de controlar o processo de substituição. Se os arquétipos antigos permanecessem intactos, por consequência, os novos teriam que ser muito mais "poderosos" sucessivamente, o que implicaria em algo muito desequilibrado e totalmente absurdo. É por essa razão que a Banlist faz o papel de enfraquecer aquilo que é "forte", para que outros cheguem substituindo na mesma altura potencial que o anterior exercia, não gerando um desastre tão grande e impactante para o jogo.

Retornando a uma questão. O tempo é algo crucial na vida das pessoas, os dias parecem passar cada vez mais rápidos, e por essa sensação, existe a necessidade de velocidade em grande parte das coisas que fazemos. Se um arquétipo é estampado como "o melhor para se jogar", porque exatamente as pessoas irão perder seus preciosos tempos tentando elaborar algo que "talvez" seja bom? "O melhor" transmite uma maior segurança e praticidade, além de uma maior garantia  de sucesso do que o "talvez". O "talvez" exige muito mais tempo para uma definição exata.

É importante lembrar também, que por ser uma empresa, Konami tem diversos funcionários, e se não existir lucro, ela não poderá pagar o seus devidos salários. Se ela contrata um artista com certo prestigio no mercado do Card Game para desenhar Artworks de diversas cartas Noble Knight, é claro que ela precisa de dinheiro para além de pagar o artista, investir em si própria. O artista no caso, pode ser apenas um entre 50 mil funcionários (número chutado como exemplo) que trabalham no processo de criação, produção, distribuição e outro setores relacionados as cartas de Yu-Gi-Oh! no mundo inteiro em suas franquias, já parou pra pensar nisso? Por isso é importante a venda do produto de forma ágil, para seguir a determinação comercial. Se a Konami não lucrar, você não joga mais, simples assim (não estou dizendo para sair comprando produtos Yu-Gi-Oh! por ai, vai com calma).

Os arquétipos necessariamente estragam o jogo? Impedem a criatividade dos jogadores?

Estragar, claro que não, pelo contrário, com os arquétipos o Yu-Gi-Oh! tem até um processo de evolução maior. Pensa só, se as pessoas tem uma maior facilidade pra criar um Deck, consequentemente elas terão uma adaptação bem mais acelerada para participar de eventos competitivos, ao mesmo tempo em que a Konami também poderá dar um prazo menor para que as pessoas conheçam coleções novas. Hoje em dia Yu-Gi-Oh! apresenta novidades constantemente, seja com coleções ou com a chegada das Banlists, e isso porque grande parte dos jogadores conseguem já sair jogando com Decks de qualidade em pouquíssimo tempo após o lançamento, ainda mais quando esses produtos são Structure Decks e Sets prontos. O fator que limita mais, é o setor financeiro de cada pessoa, mas creio que isso deva ser um tema de um próximo artigo.

Agora, sobre a parte de bloqueio de criatividade, talvez seja correto pensar que sim, mas talvez não.

Primeiramente, porque sim? O Yu-Gi-Oh! tem como fator de influência, o Metagame, e mais do que teoricamente, ele MANDA no jogo. Isso acontece com qualquer Card Game que se preze. Por mais que você NÃO queira estar ligado ao Metagame, ele influenciará no jogo como um todo, seja de forma direta ou indireta. Como assim? O Metagame é sinônimo daquilo que é "popular e bom no momento" (o passado e o presente não importam), então tudo aquilo que se encaixa dentro dessas duas opções esta dentro do Metagame do jogo. Portanto, esse elemento influência nos valores que os jogadores definirão em suas cartas, determina a Banlist, e principalmente propõe os Decks que os jogadores usarão.

A criatividade nunca será algo determinante enquanto o Metagame estiver pisando em cima da cabeça dela.

Agora chegamos ao "talvez não". Se hoje o Yu-Gi-Oh! fosse composto apenas por cartas aleatórias, as pessoas ainda continuariam a se inspirar nos Decks que se destacariam no meio da multidão. É o processo do tempo que foi já foi dito. Grande parte das pessoas preferem um "melhor" do que um "talvez" independente do cenário, por isso eu acho que as coisas não mudariam tanto assim. Nos primórdios do Yu-Gi-Oh! a base das pessoas eram criar um Deck do Dark Magician ou do Blue-Eyes White Dragon ou do Exodia, inspiradas em coisas que eram vistas nos Animes, e que criatividade exuberante isso tem, se a ideia basicamente segue o mesmo rumo? Nós vivemos no mundo do "nada se cria, tudo se copia", eu não sei porque as pessoas se queixam tanto com uma coisa que deveria ser vista como normal, e só pelo fato de sua rota de fuga ser o Yu-Gi-Oh!, acredite, isso é criativo.

Pra mim, o grande problema do Yu-Gi-Oh! não é a "falta de criatividade", e sim na monotonia. As vezes é muito chato jogar sabendo que pela frente terá aqueles mesmos Decks de sempre. É muito chato jogar contra quinze Shaddolls em um total de vinte jogos (isso é apenas um exemplo). Quando se te uma diversidade maior, com certeza o jogo fica muito mais legal, permitindo ao jogadores muito mais opções/escolhas, tanto pra jogar dentro do Metagame, quanto para enfrentar.

Eu acho super importante a Konami continuar pensando no produtos nostálgicos (coisas velhas de um a dez anos atrás) como ela vem fazendo há um tempo, isso movimenta o publico que gosta de coisas mais antigas. E também gosto muito dos produtos novos que lançam no Yu-Gi-Oh!. Jogar hoje em dia não é tão ruim, tem até uma variedade, mas na minha opinião, precisamos de um ambiente maior ainda para que seja muito mais agradável para esse publico todo atual, e futuros novos jogadores.

Essa é a minha opinião. Agora eu abro espaço para vocês criticarem e incorporarem outras visões nos comentários.

Abraço a todos, muito obrigado e até a próxima.
(Felipe Leonel) 

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9 Comentários

9 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom .Se fosse possível gostaria que tivesse mais comentários assim no blog .

João Victor disse...

Onde eu assino? Esse post deve ser colado tava vez que aparecer um hater falando bosta kkkkkkkkkkkkkk

Anônimo disse...

Até vi um suor masculino sair dos meus olhos quando li sobre o tempo ;~~; ótimo post. Realmente concordo com a idéia q trouxe nele sobre arquétipos

Unknown disse...

Primeiramente felipe seu post estâ muito interessante e os fatos que vc frisou são congruentes com a realidade mesmo...mas eu acho que a idéia dos arquetipos é muito boa pq deixa o jogo estratégico na minha opnião. E mesmo que não existisse arquetipos acredito que o próprio nome que nós jogadores damos a nossos decks, seria considerado um arquetipo (H.A.T) é um bom exemplo já que de certa forma é uma mistura de cartas. Agora sobre metagame, independente de existir arquetipos, sempre vai ter uma "fórmula" de deck que será o destaque do formato. O que vai fazer a variedade de decks no meta é a personalidade de cada um.
Eu por exemplo, não troco meus arquetipos favoritos por nenhum outro deck,seja tier 1 ou não.No mais sua postagem está muito boa sim...tema muito legal vc escolheu.

Felipe disse...

@Anonimo Primeiro a Comentar.

Muito obrigado. Abraço.

@João Victor

Não precisa assinar nada não, nem é uma petição. Muito obrigado, abraço. xD

@Anonimo Terceiro a Comentar

Muito obrigado, que legal você ter concordado e gostado da ideia. Abraço.

@Carlos Alberto

Acho que o fato de deixar "o jogo estratégico" não depende necessariamente dos arquétipos. A estratégia existiria independente disso. Os arquétipos apenas permitem que os jogadores encontrem estratégias com maior rapidez. Sem eles, o processo para encontrar tais estratégias teriam um processo maior de tempo, e eu expliquei essa ideia com outros termos na postagem.

É correto pensar que cada Deck tem uma personalidade, mas aqueles que estão no Meta são exatamente os que ganham no quesito de popularidade e superioridade (em algum determinado aspecto). E essas coisas não andam separadas.

Não adianta um Deck ser super "poderoso", se ele não é popular. Da mesma maneira que é estranho pensar que um Deck é popular mas não é poderoso em aspectos relevantes.

E com certeza, o Metagame nunca deixará de existir.

Muito obrigado. Abraço.

Anônimo disse...

Excelente matéria ! Parabéns !

Felipe disse...

Muito obrigado @-MRC- White Wolf 218

Viciado disse...

lol quase fiquei cego de tanto ler, mas valeu a pena huehueheu nice post nigga.

Marcio disse...

Mt bom *---*

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